terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Qualquer um pode aprender a comer aspargos devidamente bem.


Eu particularmente vivo em um mundo ao qual não queria e muito menos quero pertencer. Existem pessoas nele. Elas são como eu, mas completamente diferentes. Essas pessoas com seus modos de fazer que não me parecem ilegais. "Então", digo, "porque vivem essa vida tão desgraçada? tão rotineiramente chata?" pergunto. E eles sempre vão me responder, "eu vivo normalmente". O que eles chamam de normal, eu chamo de tedioso. Bifes, batatas, arroz e um pouco de feijão, suco de laranjas frescas e uma deliciosa sobremesa à espera. Nada passado. Nada que ja tenha idade suficiente para que julguem estar velho demais. Suas comidas são feitas ali, na hora. Eles pagam por isso. E o sexo? Bem, do sexo já não posso falar. É grotesco. Não me entra. Desagradavel.

No amor eles não sabem viver. As pessoas com seus modos de fazer, com suas gravatas baratas indo ao trabalho, suas maletas carregando suas almas e seus rostos esperando o proximo tabefe de seus patrões. No amor elas brincam. Não precisam de proteção, não querem proteção, são grandinhos demais para isso. Não gostam quando recebem carinho e atenção, mas protestam quando não recebem. No sexo fingem preocupação com seu companheiro, porem só sentem por si mesmos. As pessoas e seus modos de fazer tão regulados e mesquinhos.

Ela me telefonou às 2:00hs da madrugada com uma voz não das melhores. Havia bebido, chorado, gritado, não sei. Provavelmente estava cantando enquanto bebia alguma coisa. Ela me telefonou e queria algo de mim. Desabafo. Não se sentia a melhor, porque naquele momento a faziam sentir-se assim e isso era realmente deploravel. A usurpação do ser por nada. Brilhante. Ela simplesmente falava e falava e soluçava as vezes. Não sei se da bebida, do choro, da música, dos sonhos. Mas ela ainda estava ali, porque sabia que precisava estar.

- Vou sair. Dançar provavelmente e beber tambem. Dançar e beber.
- Otimo, faça isso.
- Aquele imbecil com seus modos de fazer - me enoja.
- É, imagino que sim.
- Você estava dormindo e eu te acordei, não é?
- Estive, não lembro quando.

E ela continuava falando e falando, agora sem solução e aquilo era magnifico. Creio que a bebida havia acabado. Suas expressões podiam ser imaginadas. Alem de tudo, da voz soluçando, tremula, a voz era sexy, envolvia.

- Preciso encontrar alguem. Uma garota de preferencia.
- Ou duas, talvez.
- Isso, duas. Vou dançar e beber. Aquele filho da puta.

Houve silencio. Não necessariamente silencio. Ouvia-se o som de boas goladas. Provavelmente eu havia errado sobre o fim da bebida. Talvez não. Mas ela não desistiria assim. Uma noite de bebidas e danças e garotas. Diversão. Tão diferente das pessoas e seus modos de fazer nada ilegais. Eu sou um delinquente qualquer, ninguem até. Ela uma garota, linda, e seus peitos como dois caminhos ao paraiso. Suas pernas bebericando tanto tesão e diversão, e sua boca salivando por uma noitada.

- Vou me vestir. Tenho drinks, danças e garotas para conquistar.
- Boa noite, boa sorte.

Voltei e dormi, igual as pessoas do meu mundo com seus modos de fazer. Mas não pertenço a eles, nem a isso, nem a mim.


Uma fuzarca de estimulos.

Um comentário:

Anne Elisabeth disse...

haha,
cheguei agora e vim direto pra cá, porque sabia que o destino me reservava uma boa surpresa.

Nem preciso dizer nada além do que meu sorriso deveria mostrar.
Obrigada, café.

:D
:*