terça-feira, 3 de novembro de 2009

O que diria Ginsberg se me visse te chupando agora?


Não venho mais aos papeis com frequencia. Por desleixo ou descaso, talvez. Fato é que me sinto um tanto quanto esquisito por isso. Penso que os papeis e as tintas da caneta sentem minha falta, ou de qualquer outro que as acabe, que possa transforma-los em algo particularmente interessante, mesmo com todos os erros de portugues, ou o peso de minhas mãos.

O que tambem penso, quando escrevo, é que as pessoas não são felizes. Não são felizes em seus casamentos, seus trabalhos, sexos, em suas casas ontem sentem cru o cheiro da rotina. Não são felizes em lugar algum. Nos estadios de futebol, mesmo se seu time ganhe, enfim infelicidade.

Penso tambem no porque de tanta melancolia, que me parece ser viral. Existe alegria maior do que acordar, qualquer hora que seja, e sentir o seu pau duro, pulsante, mesmo que seja apenas acumulo de urina por culpa da cerveja da noite passada? Existe felicidade maior do que todas as noites poder ter noites a mais pela frente e estar vivo para isso? O exato segundo em que levo para escrever cada letra, me enche de alegria por poder terminar cada palavra que quero e penso. Posso falar das bebedeiras, sexo, futebol, bolsa de valores, Burroughs, Miller, Kerouac, e toda essa baboseira viciante de geração beat.

Poderia tambem falar sobre politica, ms isso tiraria minha felicidade e eu seria só mais um deles agora.

O que diria Ginsberg se me visse te chupando agora? Acho que absolutamente, nada. Não o conheci, nem o conheço, mas espero que ele esteja bem, assim como os outros. Feliz.

Um comentário:

Eleonora Marino Duarte disse...

um texto inteligentíssimo, caro amigo café.


a escolha de um subterfúgio muito bem colocado para fazer fundo ao que se quer realmente dizer.

ótimo.

grande abraço!