quarta-feira, 22 de julho de 2009

Todos os poemas do mundo e os meus tambem.

As ruas enlouquecem.
Você vê as pessoas e elas
são tão maçantes
e elas te enojam.
E os carros, que não
deixam por menos.

As promoções de carne
e peixes e cervejas e
tudo é maçante.

Os dias, os mesmos
escritores e tudo é
tão maçante.

Você acaba acreditando
que você é maçante,
tambem.

E mesmo assim, este é
um poema melhor do
que qualquer outro.
__

Essa Mulher.

Essa mulher que me
escreve e eu escrevo pra ela,
me conta o que se passa
em sua vida.

Me conta em riqueza os
detalhes do sexo,
da discussão, da receita,
dos filhos e do que bebe
e escreve.

Essa mulher me manda
todas as vezes, o seu número
de telefone, mas eu nunca
ligo para ela.

Mandei meu número,
na ultima carta, sem esperança.
Então:
"Alô?"
"Ei, é você?"
"Sim, infelizmente."
"Os garotos acabam de
quebrar a janela da frente
e eu trepei com dois
ontem a noite."
"Que bom. Adeus."
"Beijos em você, baby."

A conta do telefone dela
nunca mais vai
ser a mesma
depois dessa
ligação.

3 comentários:

Anne Elisabeth disse...

"Essa mulher que me
escreve e eu escrevo pra ela,
me conta o que se passa
em sua vida.

Me conta em riqueza os
detalhes do sexo,
da discussão, da receita,
dos filhos e do que bebe
e escreve."


Me identifiquei nesse trecho, com muito detalhe e muita ousadia também.

E café, obrigada digo eu, que fico toda boba em saber que alguém como você, lê o que escrevo.

:*

:) disse...

Acho que estamos criando uma legião, ou um grupinho de escritas do submundo \o

Eleonora Marino Duarte disse...

café,

você deveria escrever roteiros, sua escrita, a poesia, a realidade com ironia, seriam excelentes películas, com uma estética que está faltando, já faz algum tempo.

eu gosto da ameaça que você propõem aos (des)valores da sociedade,

gosto da forma como mostra a aquela lama no jardim perfeito.

abraços!