segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Navalha na carne e no sexo. Beny Bonequinha aos 20 nao consegue trepar.


Com todas aquelas tatuagens nos braços e partes do corpo, Beny Bonequinha parecia ter cara de mal, apesar do nome. Metia medo nas criançinhas da rua em que morava. As garotas suspiravam sexo, quando ele passava. Beny era um cara legal. Gostava de boa música e assassinos. Edgar Allan Poe e Jô Soares são os prediletos. Um por ser o pai, o outro um figurão. Agatha Cristie o enchia de tesão. E ele nao era um cara qualquer, num mundo qualquer.

Beny gostava das ruivas. Conheci duas de suas garotas. Lindas demais para ele. Beby tinha uma monocelha que o deixava ainda com mais cara de mal. No seu quarto, uma cama, um birô com livros sobre assassinos e um de culinaria, um guarda-roupas, e posters. Varios posters. Pink Floyd, Janis Joplin, Bob Marley, Beatles .. Os classicos. Nao tinha o Dylan, afinal ele ainda está vivo e o Beny gostava de assassinos e mortos, consecutivamente.

Encontrei com ele a primeira vez, no Ralph's Bar, na rua do Exilio. Entreino bar por acaso e ele sentara no balcão, de costas para a porta. Pareceu-me um cara grande. Nem tanto. Sentei do seu lado e pedi uma cerveja ao Ralph. O Ralph era ou é, o dono do bar. Um cara branco, olhos escuros, careca parcialmente, uma tatuagem de cadeia na mão direita e uma eterna toalha no ombro, que usava para limpar o balcão. Quase nunca a lavara. Ralph tinha uma mulher que ele nao suportava. Me passou a cerveja e tomei metade num gole. Percebi que o Beny me olhava de canto de olho. Perguntei sem o olhar:

- Então cara, é o primeiro do Buk que voce lê?

Vi antes de sentar, que um livro do Bukowski o acompanhava. Era o 'Mulheres' de 1978.

- Não, tenho alguns outros.

- É um cara de coragem.

E ri, terminando a metade restante da cerveja, enquanto o Beny ficara em duvida sobre quem era o cara de coragem. Ficamos ali e eu pedi mais uma cerveja. Uma garota se aproximou dele, reclamando aos berros. Por isso ele lera justamente aquele livro. Deixei-o discutindo com ela e fui ao banheiro.

Beny por um segundo - ou uns - sentiu os assassinos que tanto o agradavam, subirem a cabeça e por pouco nao enfiou a minha garrafa no cú daquela garota. Linda, mas louca. Sorte nao ser coxa.

Voltei do banheiro e ela nao estava mais ali. Ele pedira ao ralph uma vodka dupla, e virara assim que voltei.

A musica estava agradavel, mas ele nao iria ouvi-la por um bom tempo, com aquela mulher gritando dentro da sua cabeça, escorregando em miolos. Miolos esses, armados ate os dentes.

O asssassino de Baker Street era o predileto e ele pensava nele agora. Foi ai que eu disse.

- Mulheres, se nao nos matam de tesão, matam loucos! E olhei nos olhos dele. Estavam vermelhos, de odio.

- Mas eu posso mata-la primeiro, nao acha? E nao vai ser de tesão.

Por um minuto assustei-me, mas logo vi em suas mãos outra dose. Tripla, dessa vez.

- Vira essa merda e relaxa.

A mulher voltou e então prestei bem atenção nela. Ruiva, cintura fina, olhos verdes, boca carnuda, salto alto e minissaia. Era uma vagabunda. Uma puta. Beny era um cafetão. Puto nas horas vagas. Homem tambem.

Beny aparentava 22 anos e já era um empresario de sucesso. Me falou que por 20 mangos eu teria a melhor foda da minha vida. Não com ele, mas com a Paula. A garota que berrava. Olhei bem para ela e fiquei balançado. A dias não ia para cama com alguem. Achei melhor não.

O Ralph nada falava, so observava. Nem podia, sua mulher era igual. Encrenqueira profissional. Era gorda, tinha um bigode feio, nojento. Nem o meu era maior.

Beny agenciava garotas desde os 18 anos de idade. Negocio de familia. Seu pai, Larry, era um cafetão velho e morrera a 5 anos, com uma bala no peito, aos 62. Beny Bonequinha, foi seu sucessor nos negocios e na casa.

- Então, essa sua garota. onde a encontrou?

- É uma prima de longe, foi morar na minha casa e nao tinha como ajudar nas dispesas.

Puxei uma nota de R$ 10, deixei sobre o balcão e me mandei dando um leve tapinha nas costas do Beny.

- Boa sorte amigo, vai precisar!

Então ele virou mais uma dose.

Segui rua a baixo, entrando a esquerda em direção ao bingo da cidade. Não entrei, so tinha grana para mais cervejas. Fui para casa e dormi, com as cervejas.

No outro dia, um jornal noticiara um assassinato. A vitima? Paula Becker Lima, jovem, prostituta, assassinada a navalhadas, as 01:22 da madrugada, aproximadamente. O curioso, ou nao, foi uma corda de guitarra encontrada nos pelos pubianos da garota. Era o ré, já que dó, esse assassino nao tinha por ninguem. Assassino? Cafetão, puto nas horas vagas e homem tambem.

2 comentários:

Bárbara Cecília disse...

Beny era mal sim. haha

LNabuco disse...

Sensacional!
Beny é o verdadeiro Lobo Mau que na versão de Perrault mata a menina...ela simples,nua entra na cama onde é devorada...
Beny para os livros e para as telas também...

Adorei!!!!