quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Odores Mortais e Carnais. Beny Bonequinha continua sem trepar em paz.




Por força do destino, ou de nossas burradas, reencontrei o Beny um mês depois, na cadeira. Fui preso por perturbação da ordem publica. Beny me pareceu feliz. Fumando um Camel e lendo “Ereções, Ejaculações e Exibicionismos, Parte I’’, do Buk. Ele me recebeu com um soco no braço. Soco de boas vindas. Então tive a chance, única, de perguntar:

- Porque o 'Ré', de uma guitarra cara?- Tinha uma banda de rock progressivo, na minha adolescência - que ainda era muito recente.

Passei a noite na prisão e no outro dia, minha garota, a Marinha, pagou minha fiança. Antes de ir, Beny me pediu para entregar um bilhete ao Ralph, que ele saberia o que fazer.Não resisti e li o que tinha lá. Dizia:

"Ralph amigão, preciso que me faça um pequeno favor. Regue e alimente minha Moly, e avise para Jully, que quando eu sair, ela me paga o que deve. Sirva esse cara e põe tudo na minha conta, acerto tudo contigo depois meu velho. Com amor, Beny.”
Bem, gostei da parte que dizia para me servir. Mas as outras partes me deixaram com uma ou duas pulgas atrás da orelha. Quem é Moly? E porque ela precisa ser regada e alimentada? E o que a Jully deve ao Ben? Prefiro não saber.

Marina e eu fomos ao bar. Aproveitamos a cortesia e bebemos muito. Ela seu gin e eu minha cerveja. Seriamos presos por perturbação? Quase fomos. Ralph deixou seu ajudante no bar, tomando conta do negocio e saiu. De certo para molhar a Moly. Ou seria a Jully? Ou deve ter ido para casa, seguindo o exemplo do assassino do "Ralph's Bar" e matar sua mulher.Nem uma coisa, nem outra, muito menos matar. Havia apenas ido comer uma das garotas sobreviventes do Beny. Uma rapidinha. Voltou 15 minutos depois e um sorriso no rosto de quem estava aliviado.

Voltei à cadeia para visitar o Beny. Não Consegui. Ele tinha sido jogado na solitária, por ter quase matado um interno a pedradas. O Beny era um cara muito sentimental e carinhoso.
Outro dia, no Ralph's, descobri que Jully, foi a pessoa que denunciou o Ben a policia, pelo assassinato. Senti pena dela.

6 meses depois, Beny Bonequiha estava de volta as ruas, por bom comportamento e provas insuficientes para encrimina-lo. Ironia. A navalha jamais foi achada. Ele tratou de esconde-la bem. Colocou na barriga de um camundongo, que a ratoeira de sua casa havia matado.

O encontrei no mesmo lugar de sempre, no Ralph's e ele estava menor, mais magro, uma camisa de linho, relógio dourado, corrente também, e uma tatuagem que eu não havia percebido. Ele tatuou na pele, mais precisamente no pescoço, uma navalha sangrando e embaixo as siglas, minúsculas, 'PBL'.

Fui ao balcão e pedi uma cerveja. Ouvi quando o Boneca disse para mim. Só ouvi.

- Você vai me ajudar com a próxima.Me assustei e conscenti com a cabeça.
- O que tenho que fazer?- Atrair a Jully pro banheiro. Não esse aqui de dentro, o dos fundos.

E foi o que tentei fazer, mas quando eu vi quem eu ajudaria a matar, não pude. Era completamente linda. Olhos dissimulados e carentes alem de azuis. Longos cabelos ruivos, mãos macias. Linda. Apaixonei-me de primeira. Não uma paixão desvairada, com amor. Com tesão.

Como aquela mulher podia ser prostituta? Não me era audível a resposta.

Abortei a idéia de atrair a garota para a morte. Preferi atraí-la para minha cama. Mas Jully era uma garota de programa e isso complicava tudo. Minha grana era para as cervejas. Enfim, marcamos de ir para meu quarto. Fora um esplendor de sensações que eu jamais senti. Nós passeamos pela cama com gloria. Minhas mãos encontravam as dela, numa sinfonia de uma só nota. As horas passavam rápidas e lentas, na mesma vibração dos nossos corpos. Trepamos afinco. Foram incontáveis os meus orgasmos e porque não dizer, os dela também? Como uma prostituta pode se entregar assim, sem que nada receba? se bem que ela recebeu o meu melhor. Esforçei-me.

Beny continuara arquitetando sua vingança. Pensara nas mais diversas formas. Ignorava porem, a navalha e sua guitarra, apreendida pela policia. Seu livro ''O Xangô de Baker Street" também, o que o deixara mais triste e raivoso.

Contei, cheio de amor e tesão, para Jully que ela precisava sair da cidade. Mas foi tarde. Beny a encontrou no lugar de sempre, a rua Darcy Vargas, para prestar contas diarias. Arrastou-a para sua casa e ofereceu-a um drink. Ela não recusou. Ele sabia que naftalina, na dosagem correta, é tão toxica e fulminante, quanto o cianeto. Depositara no copo de Martini da garota, a naftalina dosada. 20 minutos depois, quando eles rosçavam seus corpos e a jully chupava os bagos, seu coração para, a matando instantaneamente. Morreu chupando. Digno de puta?

Dois dias depois, ao vasculhar o lixo em busca de comida, um mendigo conhecido como 'Sovaco', apelido que adquirira nas ruas mesmo, pelo seu odor não tão agradável embaixo dos braços, encontra o corpo escondido em meio a todo aquele resto.

Ela vestia calças de costura apertada e lavagem escura, uma blusa preta com sutiã vermelho. Dentro de sua boca, os policiais repararam em um bilhete que estava um pouco fora, mostrando sua existência mórbida. Dizia assim:

"O beijo de quem trai, é a sua própria cova.
O cheiro da morte se preserva no fundo do armário.
E Basta Boas quantidades dos dois, e temos um belo fim."
Até então, A policia sabia que aquilo era a confissão do assassino, só não sabia o que aquilo queria dizer claramente. Eu sabia.

3 comentários:

LNabuco disse...

Como foi bom ter lido os dois de uma vez!
Esperando a continuação desse anti-herói escroto e terno!
As mulheres realmente gostam dos canalhas?
Mas um amigo do nosso velho safado,Buk,dizia.."o homem que pensa possuir uma mulher está enganado...ele apenas a toma emprestado..."
No caso de putas doces o destino foi cruel..morreu de veneno certo com a boca preenchida de pica...

Genial!

Anne Elisabeth disse...

ahhhhhhhh tô tentando não me ausentar, e não teria como ficar longe, os dedos por mais cansados que estejam, sempre insistem em escrever histórias que são tão minhas e tão alheias.

Ta agitado aqui, hein?
tomou gosto mesmo pela vida blogueira!
\o/

muito bom. Alegria para meus olhos, deleite para imaginação!
e obrigada pelo elogio.
=D

;* moço.

Anne Elisabeth disse...

Pois é, meus fundilhos tem aparecido com frequencia, espero que valha a pena.

e a Ak-47 é de natal.
Vem tocar aqui em Salvador em fevereiro!
vc conhece?

;*