quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Nos quartos de motel, ate cinzeiros gozam ...


As baratas costumavam ser minhas fieis companheiras há um certo tempo, mas as expulsei de minha vida. Não gosto de baratas, elas são asquerosas e tão sentimentais. Prefiro os ratos, ou os grilos. Um cantor e um vagabundo. Uma de minhas prostitutas cria um velho camundongo no porão do bordel. O alimenta com restos de desprezo que ela coleta nos quartos que sobrevive. Tenho uma vizinha que não passa de uma solteirona com córneas - pragmáticas - de jornal. Vigia todo o movimento das ruas e parece publicar tudo na 1° pagina. Sinto pena dela. Acho que minhas baratas mudaram-se para lá. Minha vida costumava ser mais sistemática com as baratas. Os ratos sempre procuram novas aventuras, igual todas as prostitutas. Outro dia uma delas apareceu com um olho roxo e disse que tinha apanhado do companheiro - que não faz idéia da profissão da meretriz. Ele bateu nela, porque o café não ficou pronto quando ele pediu. Café cura, mas as vezes pode ser crucial. Ela é uma das melhores. Sabe como ganhar dinheiro e como gasta-lo e ainda engana o marido. Essas putas todas são um bando de aves de rapina, prontas para mergulhar em vôo rasante de encontra a sua presa. Um ataque mortal, fulminante. Rouba-te até o fígado. Quando você percebe, perdeu esposa, filhos, vida. Mas como os ratos, elas também vivem na lama, da lama. No escuro total, saindo poucas vezes para ver a luz do dia, tentando esconder a pessoa dentro delas. E ai viver se torna só mais um jogo. Um jogo muito arriscado e frio. Apaixonar-se parece não ser direito e quando isso acontece tudo é contrario a normalidade. O que deveria ser um degrau para a plena felicidade, se torna obscuro e seco. A boca dela se reprime aos lugares mais remotos do copo que ela segura em sua mão, para lá amar sem limites. O cigarro na outra mão passa a ser a alma do filho da puta que a fez apaixonar. E a cocaína, o sexo de todos os dias. E ela goza sem pensar. Enquanto ela 'sofre', o amado deita na cama com a esposa e trepa a noite inteira, transpirando o amor que a meretriz tanto deseja. A minha vizinha que foi espera. 64 anos e virgem. Nasceu frigida e vai morrer. Apenas morrer. A minha prostituta foi e é burra. 31 anos e trepou, brigou, cantou, apaixonou-se, vive. Bem, essas não morrem. Poderia ficar horas, cervejas, conversando sobre tais coisas. Mas tudo o que preciso dizer apenas é, viver é para os fracos, Os fortes morrem.

3 comentários:

Anne Elisabeth disse...

só queria saber de onde é que vem tanta inspiração.
por que na boa, esses teus textos me levam a pensamentos-não só os explicitos neles- que PQP!

tem sido uma terapia isso aqui.

eu tô atarefada por demais, vespera de vestibular e eu tenho de cumprir meu papel capitalista de estudande depende do sistema. Mal tenho entrado na internet. E seu blog tem sido, como disse, uma terapia pra fugir de tanta geografia, história e obrigação.

;*

vou postar.

Bárbara Cecília disse...

voce escreve como....


bem, esqueci o nome do cara =x

Dee disse...

Sensacional, apenas é a palavra certa.