
As baratas costumavam ser minhas fieis companheiras há um certo tempo, mas as expulsei de minha vida. Não gosto de baratas, elas são asquerosas e tão sentimentais. Prefiro os ratos, ou os grilos. Um cantor e um vagabundo. Uma de minhas prostitutas cria um velho camundongo no porão do bordel. O alimenta com restos de desprezo que ela coleta nos quartos que sobrevive. Tenho uma vizinha que não passa de uma solteirona com córneas - pragmáticas - de jornal. Vigia todo o movimento das ruas e parece publicar tudo na 1° pagina. Sinto pena dela. Acho que minhas baratas mudaram-se para lá. Minha vida costumava ser mais sistemática com as baratas. Os ratos sempre procuram novas aventuras, igual todas as prostitutas. Outro dia uma delas apareceu com um olho roxo e disse que tinha apanhado do companheiro - que não faz idéia da profissão da meretriz. Ele bateu nela, porque o café não ficou pronto quando ele pediu. Café cura, mas as vezes pode ser crucial. Ela é uma das melhores. Sabe como ganhar dinheiro e como gasta-lo e ainda engana o marido. Essas putas todas são um bando de aves de rapina, prontas para mergulhar em vôo rasante de encontra a sua presa. Um ataque mortal, fulminante. Rouba-te até o fígado. Quando você percebe, perdeu esposa, filhos, vida. Mas como os ratos, elas também vivem na lama, da lama. No escuro total, saindo poucas vezes para ver a luz do dia, tentando esconder a pessoa dentro delas. E ai viver se torna só mais um jogo. Um jogo muito arriscado e frio. Apaixonar-se parece não ser direito e quando isso acontece tudo é contrario a normalidade. O que deveria ser um degrau para a plena felicidade, se torna obscuro e seco. A boca dela se reprime aos lugares mais remotos do copo que ela segura em sua mão, para lá amar sem limites. O cigarro na outra mão passa a ser a alma do filho da puta que a fez apaixonar. E a cocaína, o sexo de todos os dias. E ela goza sem pensar. Enquanto ela 'sofre', o amado deita na cama com a esposa e trepa a noite inteira, transpirando o amor que a meretriz tanto deseja. A minha vizinha que foi espera. 64 anos e virgem. Nasceu frigida e vai morrer. Apenas morrer. A minha prostituta foi e é burra. 31 anos e trepou, brigou, cantou, apaixonou-se, vive. Bem, essas não morrem. Poderia ficar horas, cervejas, conversando sobre tais coisas. Mas tudo o que preciso dizer apenas é, viver é para os fracos, Os fortes morrem.
3 comentários:
só queria saber de onde é que vem tanta inspiração.
por que na boa, esses teus textos me levam a pensamentos-não só os explicitos neles- que PQP!
tem sido uma terapia isso aqui.
eu tô atarefada por demais, vespera de vestibular e eu tenho de cumprir meu papel capitalista de estudande depende do sistema. Mal tenho entrado na internet. E seu blog tem sido, como disse, uma terapia pra fugir de tanta geografia, história e obrigação.
;*
vou postar.
voce escreve como....
bem, esqueci o nome do cara =x
Sensacional, apenas é a palavra certa.
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