domingo, 6 de setembro de 2009

Quando ainda sentir-se vivo.


Vivia agora um hipocrita caos metaforico, onde não tenho mais os anos de outrora. Possuo caracteristicas peculiares para alguem de minha idade e nervos e mulheres. No auge de minha genialidade pacata, tenho mãos que sapateiam como os pés do negrinho em minha antiga casa. Casa de meus tenros e saudosos pais. Antonio Gonzaga e Melo e Rosa Maria Gonzaga e Melo. Deixaram-me fortuna em seus colchões da cama, um velho violão, dois gatos vadios e gordos, uma gaita e o nome.

Meu atual convivio é entre uns e outros debeis mentais, medicos, jogadores de futebol, presidentes, cantores, deprimidos de mesa de boteco. Recebemos caras, normalmente. Cartas que não lemos. Apenas as guardamos e fingimos que alguem verdadeiramente são as mandou. Alguem verdadeiramente vivo. Vivo em meu caos kafkiano, metaforico, cercado de imbecis e prostitutas e protestantes e ateus e crianças e pagões e feirantes e charlatões e missionarios e escritores, loucos. Ouço minhas mãos no ritmo. No mesmo ritmo de sempre. Elas sapateiam como os pés do negrinho que sambava com Cartola no bolso.

Batem minha porta agora e eu não preciso saber quem é. Já não tenho mais Janis, nem Lennon. Contento-me com Bowie me falando que isso não é America e que mais uma cerveja cairia bem. A fortuna demeus pais se foi com minhas garotas.Tenho ainda, não nego, o violão e a gaita, porem meu folego e dedos tambem perdi com elas, na cama sem colchão forrado. Estou precisamente louco despejando coisas que não são de propria autoria. Digo, não sou bem eu que as escrevo. Nunca escrevo, na realidade. Tenho outros em mim. Mulheres, crianças, bebados e até advogados. Quem me incomoda agora é meu proprio ego, minha amante de aluguel, meu intelecto morto dentro das calças.

Seja feliz esta noite, é o minimo que se pode fazer. Doe livros e suas garrafas vazias e espere acordar pela manhã melhor do que eu e meus gatos.

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